Samba de Roda. Sotaques do Samba
Brasil
Fita Magnética, Fotografia 35mm
O Samba de Roda é uma manifestação cultural afro-brasileira presente em todo o estado da Bahia e que ocorre com predominância na região do Recôncavo. No ano de 2004, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano foi inscrito no livro de registro das Formas de Expressão como um bem do patrimônio imaterial brasileiro e em 2005, foi proclamado como obra prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade pelo Unesco. No dossiê de registro do IPHAN uma ‘definição mínima’ é apresentada para sintetizar o que é o samba de roda: “constitui-se de uma reunião que pode ser fixada no calendário ou não, de grupo de pessoas para a performance de um repertório musical e coreográfico...”. Algumas características básicas, embora variáveis, são a disposição dos participantes em círculo, a roda; a umbigada, “traço cultural de origem banto”, no qual quem esta dançando chama outra pessoa para entrar na roda através do choque de umbigos; a dança do miudinho, passo de dança bem curtinho, o canto de solistas e coro respondendo e o uso de alguns instrumentos marcantes como a viola, ou machete, o pandeiro, e o prato e faca.
O recôncavo é uma grande região que se concentra no entorno da baia de todos os santos, englobando diversos municípios. As cidades de Santo Amaro e Cachoeira são duas das mais famosas da região e foi nesta segunda que Djalma Correa esteve nos anos 1970, fazendo suas pesquisas e registro audiovisuais.
De grande relevância cultural o samba de roda já foi estudado por muitos pesquisadores, antropólogos, etnomusicólogos, folcloristas, etc. Em todo a região, são diversos grupos que apresentam entre si inúmeras variações, não há um tempo definido para a sua realização, porém ele tem grande ocorrência nas festas do catolicismo popular como é o caso da festa de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira, em agosto. Foi justamente nesses festejos do ano de 1973 que Djalma fez o registro do samba de roda da que ocorre nos três últimos dias da festa. A Irmandade da Boa Morte de Cachoeira, na época comandada por Narcisa Cândida Conceição “Filhinha”, é uma sociedade de mulheres negras, que existe a mais de 200 anos que tem entre sua principal missão assegurar a continuidade da festa da Boa Morte. Festa religiosa de grande expressão na região que celebra a assunção de Maria.
Em toda a região o samba é divido em dois tipos principais o samba corrido e o samba chula ou barravento. Na região de Cachoeira é usado o termo barravento. O samba de roda que ocorre na festa é deste tipo que tem entre suas principais marcas o canto e a dança ocorrerem em momentos distintos. Apenas quando acaba o canto, quando os instrumentos como a viola solam, que as baianas entram na roda, uma a uma. No samba registrado em 1973. O solista tira os versos e o coro responde, as mulheres acompanham o ritmo com pequenas blocos de madeira. Os homens tocam a viola, o violão, o cavaquinho, pandeiros e atabaques. A coreografia é simples, batendo-se o pé em frente à companheira escolhida para sambar no centro da roda, ao invés da tradicional umbigada.
Outro samba registrado por Djalma na mesma época em Cachoeira foi o grupo Samba de Roda de Suerdieck. Criado nos anos 1950 por Dalva Damiana de Freitas que na época trabalhava na Fábrica de Charutos Suerdieck, uma fábrica fundada por imigrantes alemãs que se instalou na região num momento de florescimento da indústria do tabaco.