Batuque do Curiaú. Sotaques do Samba
Brasil
Fita Magnética, Filme S - 8mm
Em suas andanças pesquisando a cultura popular brasileira, Djalma Corrêa foi também ao norte do país. No ano de 1974, registrou o Batuque de Curiaú, manifestação da cultura negra no Estado do Amapá. Curiaú é uma comunidade quilombola localizada bem próxima a capital Macapá (segundo alguns estudiosos a grafia correta é Cria-ú). O batuque faz parte de um conjunto cultural riquíssimo da comunidade que inclui o Marabaixo, folias e ladainhas em latim. A comunidade possui um extenso ciclo de festejos religiosos, sendo o ponto alto a Festa do Glorioso São Joaquim, padroeiro de Curiaú. Estima-se que esta festa exista a mais de 250 anos.
Djalma fez registros do Batuque, do Marabaixo e das Ladainha de São Joaquim. O Batuque é executado com dois tambores de pau oco em forma de cilindro, cobertos por couro de animal e três ou mais pandeiros (pandeiros bem grandes). Todos os instrumentos são afinados pelo calor da fogueira. Os tocadores sentam por cima do tambor que fica apoiando numa madeira. As cantigas do batuque, chamadas de bandaias, são “entoadas em forma de pergunta e resposta por puxador e coro, respectivamente”. (Pinto, 2000, apud Videira, 2010). “São rimas tiradas de improviso com os fatos ocorridos dentro da comunidade”. (Videira 2010). Tradicionalmente, a parte musical do batuque é feito apenas por homens, mas a dança é livre e animada. Todos dançam, homens, mulheres, jovens ou crianças, num grande círculo, em sentido anti-horário. “Os tocadores ficam ao centro da roda, enquanto os dançantes fazem rápidas evoluções sobre si mesmas e ao redor dos batuqueiros” (Gomes, 2012). Durante as festas, a brincadeira do batuque se estende a madrugada toda. Apenas com pequenas pausas para afinação dos instrumentos.
O pesquisador Francisco Marlon da Silva Gomes em trabalho sobre as memórias do marabaixo e do batuque afirma “batuque é alegria, é o momento onde os participantes celebram a liberdade, uma boa colheita, fazendo disso um momento de lazer, de tempo livre, um descanso lúdico e prazeroso”.