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Relacionado ao que diversos estudiosos chamaram de samba ou batuque estão representados no acervo: o Tambor de Criola do Maranhão, o Batuque de Curiau, o Coco de Alagoas, o Bambelô do Rio Grande do Norte, o Carimbó e o Lundu do Pará e o Samba de Roda da Bahia. Todas essas manifestações embora distintas entre si, por suas características regionais e particulares, apresentam uma série de elementos estruturantes que ajudam a agrupa-las. Edson Carneiro, na percepção da unidade entre diversas manifestações espalhadas pelo brasil, utilizou o termo Samba de Umbigada para caracteriza-las, já os pesquisadores Paulo Dias e Marianna Monteiro preferem utilizar a expressão Batuques de Terreiro, por considerarem o termo samba muito marcado como um gênero da musica popular brasileiro e como uma tradição carnavalesca. A seguir relacionamos alguns característica presentes nessas manifestações que evidenciam essa união e esses traços da presença da cultura africana no Brasil, (salientamos que nem todas as manifestações citadas apresentem todas essas características, mas sempre algumas delas) são elas: a dança em roda, a umbigada (efetiva ou simulada, com variantes como encontro de ventre, pernada, batida de pé), tambores artesanais de madeira maciça e escavada, coberto de couro animal, afinados no calor da fogueira, o chamado canto responsorial, “em forma de pergunta e resposta”, onde um solista improvisa os versos e o coro responde, “em frases musicais curtas”;  a dança em sentido anti-horário e a louvação a São Benedito.  

Outro recorte possível ligado a essa tradição da África centro-meridional, onde hoje estão Angola, Congo e Moçambique, é presença no catolicismo popular dos cortejos reais que ano a ano saem as ruas em louvor a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Com rituais bem distintos entre si, muitas manifestações afro-brasileiras celebram a coroação de Reis Negros e Rainhas Negras, os Reis Congos. No acervo essa tradição foi registrada nas Taieiras e Cacumbis de Sergipe. Essas suas manifestações, pouco conhecidas, estão relacionadas a outras como as congadas, os congos e os maracatus.

Pela rítmica ou pelo repertório estão presentes ainda nessa amostra, ligada ao samba num sentido bem amplo, a Zabumba de Sergipe, a Capoeira Angola da Bahia e o Coco de Embolada de Pernambuco.

Conheça um pouco mais de cada uma dessa manifestações através do material audiovisual e fotográfico de Djalma Corrêa.

Pesquisador da música e cultura popular, o percussionista Djalma Corrêa reuniu em acervo particular, durante cerca de 40 anos de pesquisa de campo em todo o Brasil, vasta documentação da cultura popular brasileira, além da recolha da documentação feita paralelamente na África, em Cuba, na Venezuela, no Japão e na Europa.

Percutindo – Memórias do Tambor Primeiro apresenta uma mostra do acervo de Djalma Corrêa diretamente ligada ao que estamos chamando de Sotaques do Samba. Serão apresentados aqui diversos registros das manifestações afro-brasileiras que de alguma forma estão ligadas ao samba e a cultura negra de origem bantu. Não temos a intenção aqui de definir o que é samba, porém vemos nessas manifestações aspectos que se aproximam ao amplo universo cultural que é o samba.  Seja em sua dimensão estrutural, no repertório ou mesmo nas suas dimensões rítmicas e religiosas ligada ao universo bantu.

ACERVO | DJALMA CORREA

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